Categoria: 2000

  • Por que estou no acampamento?

    O capataz me perguntou:
    — Doutor, eu posso ficar nesse acampamento aqui do asfalto?

    Estranhando eu retruquei:
    — Como você vai acampar e tocar o serviço aqui na Fazenda? Você está pedindo a conta ?

    — Não doutor, eu mando meu filho ficar lá. Ele vem comer aqui, e dormir, pois é pertinho!!

    Perguntei:
    — Que vantagem você leva ?

    Resposta:
    — Fazendo a inscrição eu passo a receber a cesta básica todo mês e quando sair o lote eu mando o menino pra lá, ou ponho uma “pessoa minha lá”.

  • Violência Urbana

    Estamos vivendo um surto mundial de violência urbana! O banditismo está presente no DNA de muitas pessoas.

    No Brasil o desemprego, a exclusão social e a má distribuição de renda são fatores agravantes!

    A violência não existe ou é pequena em países com:

    Legislação penal rigorosa, polícia eficaz e onde os direitos humanos dos cidadãos são levados em conta em relação aos direitos humanos dos bandidos.

    PROVIDÊNCIAS URGENTES:

    No Brasil duas coisas deveriam ser feitas imediatamente:

    1 – Votação imediata pelo Congresso Nacional de Leis Penais mais severas indo até a prisão perpétua e a pena de morte. Afinal de contas quantas mortes um traficante de drogas, por exemplo, desencadeia em 12 meses de atividade? Mortes em assaltos a mão armada !!

    2 – Endurecimento da Polícia, parar de privilegiar os supostos “direitos humanos” dos criminosos em comparação às punições e até morte que afetam as vítimas.

    Os possíveis erros das ações policiais são uma mínima fração em comparação com as tragédias desencadeadas pelos criminosos.

    Outras providências:

    Apesar do Governo ter tomado MUITAS MEDIDAS POSITIVAS, torna-se necessário outras para diminuir o desemprego e ativar a economia:

    Como não há como eliminar os erros cometidos nos último 08 anos no esforço de controlar a inflação (abertura comercial desastrada, juros altíssimos, supervalorização da moeda brasileira), há necessidade de tornar outras medidas para correr atrás dos prejuízos principais (endividamento externo e interno excessivo), desnacionalização exagerada de empresas, DESEMPREGO, EXCLUSÃO SOCIAL, etc.

    1 – Racionalização e diminuição de impostos, com urgente necessidade de eliminar os impostos em cascata: CPMF, Finsocial, PIS-PASEP, etc. Eles penalizam os mais pobres aumentando os preços dos produtos de consumo e de exportação.

    2 – Negociações bilaterais gerais de produto a produto para permitir o aumento das exportações, inclusive com novos mercados e novos produtos. Colocar negociadores experientes junto aos diplomatas.

    3 – Desoneração das folhas de salários transferindo muitos encargos para o salário mensal com eliminação de encargos exagerados como Férias de 30 dias, pagamento de 1/3 nas férias e 40% do FGTS nos desligamentos, etc. Privilegiar a renda em vez de penduricalhos !!

    4 – Racionalização e simplificação da Legislação Trabalhista.

    5 – Idem da Legislação Ambiental, com eliminação das incongruências e exageros.

    6 – Melhoria do sistema de arrecadação para que todos paguem os impostos devidos e que deverão ser menores.

    7 – Enxugamento das máquinas públicas (Federal, Estadual, Municipal) já em execução.

    8 – Eliminação de Órgãos públicos pouco úteis como os Tribunais de Conta (Federal, Estaduais e Municipais) terceirizando as tarefas realmente importantes para auditorias particulares, fiscalizados pelos órgãos legislativos e pela sociedade.

    9 – Diminuição do número de representantes na Câmara Federal, Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais. Diminuição dos honorários respectivos para compatibilizá-los com o nível de renda das populações. Equalizar suas aposentadorias e pensões às dos outros cidadãos.

    10 – Mudar a Previdência para quem entra no sistema agora. Pontos principais:

    – Previdência básica governamental: restrita a contribuição e benefícios a 03 salários mínimos. Também os que ganham mais que 03 salários mínimos, contribuirão sobre os 03 salários mínimos e terão benefícios limitados aos 03.

    – O restante será previdência voluntária e privada.

    11 – Separar completamente desse sistema de Previdência a assistência médica e a assistência social.

    12 – Separar a previdência dos servidores públicos, inclusive militares e parlamentares de previdência normal (do item 10).

  • Renda Rural e Pobreza

    Os preços dos produtos da agricultura que sustentam a economia do Mato Grosso do Sul, estão caindo significativamente.

    Às vezes, eles apenas não acompanham os aumentos de custos dos outros bens e serviços. Às vezes, caso do feijão e arroz, caem em Real mesmo. O empobrecimento do produtor é catastrófico e facilmente identificável.

    O que muita gente, em especial o poder executivo e também os políticos não estão compreendendo, é que o empobrecimento acaba atingindo toda a população. Circula menos dinheiro, arrecadação de impostos não melhora. Quando melhora é porque o executivo conseguiu eliminar vazamentos previamente existentes.

    A queda do preço relativo do feijão, arroz, carne bovina, frango e outros produtos é inevitável. Deriva do aumento de produtividade da agricultura e as vezes da queda de consumo.

    A queda de consumo deriva da mudança de hábitos alimentares, secundária as modificações ocorridas nas famílias. Grande número de donas de casa passaram a trabalhar. Demandam alimentos de preparo fácil e rápido, onde entra o trigo como matéria prima básica.

    Esforços para melhorar os preços desses produtos básicos trazem resultados decepcionantes, considerando os subsídios e barreiras protecionistas nos países do 1º mundo.

    Terras virgens e de boa qualidade foram gastas exauridas. Para produzir com eficiência necessária, correção , adubação e sobretudo competência.

  • Informação–Comunicação–Responsabilidades

    As elites, políticas e econômicas têm acesso mais fácil a informação qualificada. Têm, pois, a responsabilidade de estudar a situação e começar a achar caminhos para amenizá-la ou corrigí-la, se possível.

    A corrupção, os desperdícios, tanto em obras e serviços dos governos como dos cidadãos mais bem aquinhoados tem de ser eliminados ou pelo menos amenizados.

    A grande facilidade de difusão da informação, a velocidade dos meios de comunicação atingem diretamente as pessoas e a mente de todos, inclusive dos menos favorecidos.

    As mesmas facilidades de comunicação facilitam o aparecimento de movimentos que vão conduzir esses “destituídos” a reagir para conseguir se apossar de mais bens e melhores condições de vida.

    A população vai rapidamente entender que programas como a reforma agrária estão tirando de quem tem, para dar para ninguém.

    Eles certamente vão procurar e achar outras maneiras de acessar bens, serviços e confortos.

    O aumento do emprego público como foi feito na Argentina e é feito em muitos lugares do Nordeste do Brasil, é medida ilusória e que generaliza o empobrecimento.

    É preciso criar outras soluções, o que passa por Educação, em especial, a profissionalização. Achar outras atividades econômicas, fazendo circular os bens e a riqueza.

    – Uns ganhando dinheiro dos outros.

    Turismo e exportação são altamente desejáveis. Os dois tem potencial no Estado. Necessário muito trabalho, competência e persistência para alcançar resultados com algum significado.

  • A violência no campo

    No Mato Grosso do Sul, a “violência rural” só se inicia quando uma propriedade é invadida.

    A violência começa com a própria invasão, quebra portões, abate gado e outros animais domésticos, roubo de milho, máquinas atingindo freqüentemente a própria residência do proprietário e empregados.

    Os proprietários, embora com o direito de retornar uma violência com outra de igual força, em geral não o fazem.

    A violência é, pois de origem unilateral, dos invasores e assim permanece. Eles fazem isso porque sentem as costas quentes. Pela omissão de autoridades, às vezes de alto escalão.

    Saem após receber presentes e prêmios para “desocupar”; recebem cestas básicas, lonas pretas, cobertores, dinheiro “para comprar remédios” e finalmente transporte. Saem da propriedade alheia e acampam no corredor de acesso da mesma ou em rodovia próxima. Nunca lhes é exigido que voltem de onde vieram.

    É corrente hoje a informação que a maioria deles vem de assentamentos onde o próprio INCRA os colocou. Muitos são pequenos comerciantes e prestadores de serviços nas cidades próximas. Também de que muitos são foragidos da justiça ou desocupados. A percentagem de barracos com gente é pequena.

    Fica a impressão nítida que certos escalões de Governo consideram construtivo para o bem público dar costas quentes a esses invasores.

    Os fazendeiros tem até agora apelado para as autoridades constituídas: judiciais, legislativas e policiais.

    Os juizes despacham prontamente as reintegrações de posse, se o pedido for correto.

    Os políticos dizem que vão ajudar!

    As autoridades policiais, atendem algumas ordens judiciais já em geral, com grande atraso e alegam numerosas razões para não cumprirem o mandato judicial.

    Ordens superiores dizem, são do Secretário e até mencionam o Governador. Ultimamente alegam que a decisão está com a “Comissão de Conflito” recém criada.

  • Água: Mundo, Brasil, Mato Grosso do Sul

    1 – A nível de Universo – é verdade que a água disponível para as populações é escassa em muitas regiões.

    2 – Brasil – água abundante, pois mesmo no Nordeste onde chove pouco, chove 300 ou mais milímetros por ano. Além disso tem ricos aqüíferos em partes do Nordeste. A realidade é que  não foi encontrada ainda a fórmula de tornar a água disponível para a população e outras necessidades naquela região.

    É preciso entender contudo que em certas regiões a água que pode ser disponibilizada não é suficiente para atividades que consumam muita água. Inclui-se aí certas lavouras irrigadas e algumas indústrias, grandes consumidoras de água.

    3 – Mato Grosso do Sul – riquíssimo em água. Temos dois imensos rios Paraguai e Paraná, que são imensos porque tem muitos afluentes grandes. Além disso o gigantesco Aqüífero Botucatu, hoje chamado Guarany e que está disponível em grande parte do Centro-Oeste e também em São Paulo, Paraná, Paraguai, Argentina.

    Acabo de ler o interessantíssimo livro Water – The fate of our most precious resource, por Marq de Villiers, publicado pela primeira vez no Canadá em 1999.

    Relata a história do uso da água, guerras por água (poucas), disponibilidade, falta, exaustão de recursos, soluções para disponibilizá-la, os grandes projetos de transporte de água: Califórnia, China, Rússia etc.  É um romance sobre o assunto.

    Virando agora aqui para nosso ESTADO DO PANTANAL, fica bem esclarecido que devemos criar todas as facilidades, inclusive incentivos, para que nossos habitantes façam bom uso da água, e com esse recurso natural maravilhoso, obtenham um melhor desenvolvimento econômico e social.

    Naturalmente um DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, que possa sustentar-se ao longo do tempo, tanto na qualidade como em quantidade. É isso que a Convenção de Tóquio 1992 prescreve.

    A burrice de dizer que é preciso cobrar pelo uso da água, é isso mesmo: É UMA BURRICE.

    A água do famoso San Joaquim Valley, na Califórnia, vem das geleiras das montanhas rochosas e do Rio Colorado. É uma água cara, mas seu preço é subsidiado em muitas cidades e para a agricultura irrigada. Os produtos agrícolas lá mesmo, também tem subsídios!

    Portanto um povo com um Governo inteligente, o que tem de fazer no Mato Grosso do Sul:

    • Criar condições para um maior uso de água, em especial na irrigação agrícola.
    • Evitar a poluição.
    • Criar condições de sustentabilidade, protegendo as áreas de preservação permanente, em especial as matas ciliares e a vegetação das cabeceiras.

    A água deve ser cobrada sim, quando houver dispêndio para torná-la, disponível e como nas cidades. A comunidade decidirá quando deve ser subsidiada.

    As pessoas que criam ou tornam a água disponível como em represas, poços semi-artesianos, DEVEM SER PREMIADOS E NÃO PUNIDOS.

    O poder público, Ibama, SEMA, etc., e as leis já disponíveis fornecem amplos instrumentos para o uso sustentável da água.

    Criar condições de terrorismo na elaboração da lei estadual de Recursos Hídricos é antipatriótico.

    É preciso que as pessoas, inclusive as que estão no Governo, realmente tomem conhecimento das realidades do Estado, no que diz respeito a água. Evitem o agravamento da desconfiança das pessoas quanto a futuros gravames que possam vir a incidir sobre atividades produtivas, que necessitem grandes volumes de água, tanto no campo como na cidade.

  • Aroeira do Parque da Serra da Bodoquena

    A hora que as terras da Bodoquena pertencerem a União vai ficar muito mais fácil “roubar” aroeira e outras madeiras do que hoje.

    Hoje o fazendeiro ajuda o Ibama a fiscalizar.

    Se o fazendeiro mesmo tira, o Ibama multa, e o fazendeiro tem de responder inclusive com seus bens.

    Mas quando a madeira for tirada por quem não “tem nada”, vai ser muito mais difícil de coibir. O Ibama não terá o auxílio do Fazendeiro para evitar a retirada ilegal da madeira!!