Hélio Martins Coelho
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    Carta a meus filhos e medicos

    Campo Grande, 17 de outubro de 2002

    A meus filhos e médicos que me assistem,

    Tenho acompanhado, com alguma preocupação, o avanço da ciência e da tecnologia no campo da medicina com o objetivo de prolongar a vida humana, de modo que, atualmente, os meios de manutenção de sobrevida de pacientes em fase terminal são quase inesgotáveis.

    Ocorre, entretanto, que, em casos extremos, manter o doente vivo artificialmente, por meio de aparelhos, medicamentos e outros expedientes que só evitam que o paciente exale o último suspiro, porém sem nenhum proveito útil, sem oferecer qualquer garantia ou mesmo esperança de cura, constitui imenso sacrifício não só para o próprio doente, como para os seus familiares e amigos, além de acarreta severas despesas, muitas vezes inúteis, infligindo, ademais, ao paciente, sofrimentos injustificáveis.

    Pensando nessas hipóteses é que tomei a decisão inabalável de lhes endereçar, por meio desta carta, uma ordem expressa.

    Assim, no caso de ocorrer comigo situação em que eu esteja em estado terminal irreversível, já inconsciente, incapaz de manifestar minha vontade, peço a vocês, ou melhor, determino, absolutamente cônscio do que estou fazendo, que não sejam adotados procedimentos extraordinários, com o fim apenas de prorrogar o desenlace final, devendo, apenas, serem-me administrados medicamentos destinados a aliviar a dor e a prover o meu conforto.

    Tenho perfeito conhecimento da seriedade desta deliberação, e de suas conseqüências, entretanto, reafirmo que estou com plena capacidade física e mental, absolutamente consciente, por isso, peço a vocês que a cumpram como determinado, pois assim procedendo estarão satisfazendo meu desejo.

    Finalmente, comunico que dei conhecimento dessa determinação a diversos amigos, entre eles, os que assinam, como testemunhas, esse documento.

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